Luz amarela

Eu deixei que a luz migrasse junto contigo, e você era ela própria. A manhã, e a tarde. A fuga de luz e a minha noite. Tudo. Que entrasse o vento pela janela, levantando a cortina da sala, e um pouco de luz gasta de uma tarde nublada aderisse teu contorno onde posso ver entre um abraço. Era só o que eu queria. Cheirar teu cabelo e pressionar meu rosto contra o teu, com um ruído de suspiro e respiração cunhados no fundo do peito e murmurados ao ouvido. Que o tempo emperrasse ali. Que o peito queimasse em fogo brando. Pele, cheiro, pertencer mutuamente e ficar porque é bom, sucessivamente, mudando tudo. Ser tão meu que posso tocar, que não posso duvidar. Ser tão meu que me busca, finalmente, e me encontra esperando. Era só o que eu queria.